Do modo de vida em Cuba ao dos Estados Unidos da América, sem penetrar na relativista seara filosófica, fica claro que depende do próprio ser-humano escolher com que nível de conforto ele pretende viver e quais são as necessidades "reais" ou "supérfluas" indispensáveis para sua sobrevivência. (Essa matéria do Estadão corrobora minha ideia)
Fato inegável é que o consumismo desenfreado, gerado intencionalmente pelo sistema econômico hegemônico vigente, já ameaça nossas reservas naturais e a salubridade do planeta.
Aqueles que estão mais próximos da natureza, cujas vidas dependem tradicionalmente da integridade dos ciclos naturais já percebem a diferença. Mas e aqueles que vivem, crescem e pensam dentro da lógica das metrópoles, alienados, desenraizados, sem o contato direto com a natureza que sustenta e ensina?
E o poder político de decisão para as questões socioambientais, o poder de convencimento da televisão, as ferramentas de "marketing", as medidas de crescimento econômico; eles partem das metrópoles ou dos campos e mares? As perguntas, os impasses, já se fazem presentes, as soluções é que estão ainda muito longe de serem encontradas. Antes era possível mudar-se de um local degradado para outro ainda virgem, inexplorado, mas uma falência de recursos global precisará de decisões muito mais difíceis que o simples êxodo para ser equacionada. Um começo pode ser nos voltarmos para os modelos que até hoje obtém sucesso em garantir a sobrevivência humana de forma autônoma com a menor degradação ambiental possível. Identificar estes modelos não é muito difícil, pois ainda hoje, após milênios, em pleno século XXI eles ainda existem embora rotulados de "pobres", "camponeses", "pescadores" e "selvagens".
A população tradicional Caiçara é uma destas fontes de saber ancestral que garante a simbiose entre homem e natureza. Seus conhecimentos extremamente sofisticados, acumulados e aperfeiçoados por séculos permitem ainda hoje que aqueles que escolheram viver de forma independente e autônoma possam fazê-lo.
Para melhor compreender o modo de vida Caiçara e conhecer suas qualidades recomendo a leitura das dissertações de Ricardo "Papu" Martins Monge, através das quais podemos mergulhar no cotidiano das comunidades Caiçaras da Península da Juatinga em Paraty - R.J. e percebermos como seu relativo isolamento garantiu a preservação de saberes, usos e costumes como numa cápsula do tempo.
foto: Papu 2012.
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