terça-feira, 21 de agosto de 2018

Entrevistando o Mestre Canoeiro Walter Alves de Lima - Vila Nova - Iguape


PROJETO REGISTRO DA CANOA CAIÇARA: Entrevista nº 02 em 27 de julho de 2018
MESTRE CANOEIRO:
Walter Alves de Lima, BAIRRO DE VILA NOVA, IGUAPE, SP
IDADE: 71 ANOS
CONSTRUTOR  DE CANOA CAIÇARA
Entrevistador: Antonio Carlos Diegues
Vila Nova - Iguape. Fonte: http://www.artesol.org.br/novo/conteudos/visualizar/Iguape-SP1
                1.Walter Alves de Lima nasceu em Prelado-Juréia, Iguape em 1947 (71 anos). Para ele, a construção de canoa caiçara é uma arte transmitida de pai para filho. Seu pai já construía canoas grandes para o transporte de arroz. O irmão e seu filho também fazem canoa. Ele começou a ajudar pai quando era criança, com 7 anos. Até os 12 anos seu pai explicava para ele as técnicas da construção mas com 12 anos ajudava o pai sem pedir explicações pois já tinha aprendido e trabalhava só.
                2.As madeiras mais usadas eram o guanandi, a timbuva e o cedro, esta mais rara na região.     
                3. A escolha da árvore era fundamental dependendo do tamanho e da largura da canoa que se quer construir e da disponibilidade de tronco suficiente para o que se quer. Um critério importante para a escolha da arvore era sua posição ao sol (nascente ou poente).
                4.Processo de construção: o básico era o processo de mutirão pelo qual parentes e conhecidos ajudavam a derrubar e depois transportar o tronco para o rancho onde era feito o acabamento.
                O inicio era o desbaste da madeira na parte inferior da canoa que se encontrava virada para cima. Aí se empregavam três linhas de proa à popa e faziam as patilhas (popa e proa).
                Depois desviravam o tronco para fazer a parte de dentro, usando inicialmente machado para desbastar a madeira e depois o enxó e plaina para acabamento. No bojo de cima usavam duas linhas. Mas, segundo Walter Lima, o “importante é o mestre ter as linhas nos olhos e isso só se consegue com a experiência”.
                Para acertar espessura fazem-se três furos no fundo da canoa.
5.Uso de v ela. Quando criança ele ainda viu o uso de vela na canoa caiçara. Seu uso foi desaparecendo com o uso do motor de popa e depois motor de centro.
6.Outros mestres canoeiros do lugar: Adelson, seu primo e Odilo Mendonça.
7.Uso da canoa: além do uso na pesca e transporte de mercadoria e pessoas a canoa era usada no transporte dos integrantes dos grupos do Reisado, no período do Natal e do Divino, na Festa do Espírito Santo. Seu Walter ainda toca rabeca na festa de Reis e seu filho Ordilei constrói rabecas e ensina a construí-las na Ilha Comprida.   

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