Em “A construção material e simbólica da canoa caiçara em Ilhabela”, de Wanda Maldonado, encontramos na página 316, a descrição dos conhecimentos práticos necessários para o mestre canoeiro transferir ou reproduzir material e simbolicamente a canoa dentro de um grupo social:
“Com relação à construção da canoa em Ilhabela observamos uma distinção entre o pescador que faz as canoas e o mestre-canoeiro. O primeiro pode até ter boa parte dos conhecimentos necessários à construção de uma canoa e obter um produto de qualidade razoável, ou seja, uma canoa pequena que servirá à pesca costeira. Mas ele não tem o reconhecimento social, não possui o status que caracteriza o especialista. O mestre-canoeiro, por sua vez, possui o conhecimento, as habilidades e, talvez a mais importante distinção, a experiência.
...O mestre é o que conhece e domina o processo de construção da canoa por inteiro e coordena o trabalho dos ajudantes, seus aprendizes. O resultado do trabalho do mestre-canoeiro é uma canoa perfeita e a canoa perfeita é a que possui, além das qualidades necessárias à navegabilidade, uma estética reconhecida pelos pescadores.”
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